O saxofonista Derico Sciotti, que trabalhou com Jô Soares no “Jô Soares Onze e Meia”, do SBT, e no “Programa do Jô”, da Globo, deu um forte depoimento sobre a morte do humorista, na madrugada desta sexta (5). Emocionado, o músico participou ao vivo do “Bom Dia São Paulo”, da Globo, pela manhã, chorou de tristeza e de alegria ao lembrar do amigo e contou qual foi a última conversa que teve com ele.

Ao apresentador Rodrigo Bocardi, Derico descreveu como ficou sabendo do falecimento: “É triste ter que acordar assim. Era 6h da manhã, meu celular começou a bater. A gente pensa no pior. Comecei a ver um monte de mensagens de ‘meus sentimentos’, aí eu abri a notícia e vi a morte do Jô. É muito triste mesmo”.

“Eu tenho um carinho, fiquei 28 anos lá [nos programas], metade da minha vida ao lado do Jô. E praticamente metade da vida profissional dele. É um privilégio. Ele foi e é uma pessoa incrível, uma espécie de um pai pra mim”, declarou.

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O saxofonista, que fez parte do Sexteto do Jô, a banda que acompanhava o apresentador, contou que entrou no programa do SBT com 22 anos, no mesmo dia em que seu filho nasceu. Ele deixou de trabalhar com Soares aos 50 anos. “Ele me ensinou tudo. Minha vida passei ouvindo ele, sentava naquela cadeira e via a história do Brasil e do mundo passar. Ele falava que não fazia programa sozinho, que, apesar de ser o Programa do Jô, a gente fazia parte do programa, ele sempre deu abertura para a gente desenvolver nossas capacidades”, apontou.

Derico Sciotti no Sexteto do Jô. (Foto: Reprodução/Globo/Ricardo Martins)

“Ele exercitava o poder que tinha. Foi um legado que ele deixou pra nós, todo mundo que ia no programa falava como ele ajudava com [divulgação de] livros, teatro, música. Era uma pessoa diferenciada”, afirmou Derico. Sciotti derramou muitas lágrimas de alegria ao relembrar histórias que viveu nos programas, incluindo uma sobre uma tartaruga de duas cabeças. O músico e Rodrigo Bocardi gargalharam, e o jornalista reparou: “Jô Soares é capaz de provocar ao mesmo tempo choro de tristeza por sua partida e de alegria por tanta coisa boa que ele fez, que ele nos trouxe”. Assista ao momento: 

E, então, o músico se emocionou ainda mais. “Jô foi como um pai pra mim. Eu tive um pai maravilhoso, mas o Jô foi um pai diferente. Fez o que só ele poderia fazer como profissional e como tutor. Ele me ajudou de uma forma que não tenho capacidade de externar tudo que ele fez por mim”, disse. “Jô sabia que podia contar comigo pra tudo que precisasse. Sabia que nunca ia ouvir um não ou não sei. O inverso era proporcional, eu sabia que ele nunca ia me colocar numa roubada, numa situação pejorativa, menor. Foi uma relação de confiança muito grande”, garantiu. Veja:

Em dado momento, Bocardi chamou Derico de “Bira”, confundindo o músico com o baixista Ubirajara Penacho dos Reis, que também trabalhou no Programa do Jô e morreu em 2019, aos 85 anos. “Se o Bira não tivesse morrido em 2019, teria morrido hoje. Ele amava o Jô, a equipe, a TV, o trabalho”, revelou Derico.

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Derico presta homenagem para Jô Soares. (Foto: Reprodução/GloboNews)

O saxofonista contou, então, como havia sido sua relação com Jô Soares nos últimos tempos e como foi a última conversa que tiveram, por telefone. “Eu sempre tive um sonho na minha vida que era bater um papo [gravado] com ele, tipo o que a gente tá fazendo aqui. Eu tive momentos assim, mas queria um momento pra falar sobre tudo, passar a régua, como a gente faz com pai e mãe. Eu forçava a barra, ligava pra ele, falava: ‘Deixa eu ir aí, vamos conversar, deixa eu registrar um papo falando sobre coisas da vida’. Não deu tempo. Uma pena. Como a gente se divertiu, como era legal trabalhar aí [na Globo]. Fico feliz de ter tido a oportunidade”, concluiu o músico.

Ao final da conversa, Derico revelou que gostaria de prestar uma homenagem para o amigo. “Eu estou em Londrina, tenho shows até domingo, mas eu quero fazer alguma coisa para estar aí [em São Paulo] para dar um beijo nele. Eu vou ver se eu consigo“, adiantou. Assista:

Na sequência, ainda na manhã desta sexta (5), Derico concedeu uma entrevista ao GloboNews Em Ponto e seguiu muito emocionado ao falar de Jô. “Eu tinha 22 anos e ele falava para mim: ‘Me surpreenda’. Eu vou guardar para o resto da minha vida. Vocês não têm noção da generosidade desse cara. Ele não estava nem aí. Ele me dava dois minutos [no programa] e confiança total. Ele não fazia ideia [do número que o músico iria apresentar], disse, às lágrimas. 

“Teve uma [apresentação] do Elton John. Eu cantei em inglês. Eles tiveram a iluminação de alugar um piano branco, de cauda, lindo, para botar no palco para eu fazer o Elton John. Por um minuto e meio. O programa era uma Disneylândia. Tudo que você sonhava você conseguia realizar”, revelou. Assista:



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