DJ Glen Fala Sobre EP ‘Mind Goes Off’ e Parceria Com Mason

DJ Glen Fala Sobre EP ‘Mind Goes Off’ e Parceria Com Mason

Com 250 mil ouvintes mensais e mais de 5 milhões de plays no Spotify.

por: Nazen Carneiro
créditos: Gabriel Bordon

Música não se trata de números, mas sim de atitude. Entretanto, porém, contudo, vamos e venhamos que números assim também não podem ser ignorados. DJ Glen sabe disso e comemora o sucesso do hit “First Time” – o qual é coautor junto de Illusionize. Lançado pela Spinnin’, em novembro, a faixa já passa de dois milhões de streams.

Agora o artista juntou forças com a lenda holandesa Mason, autor do mega hit Exceeder – que foi remixada por grande parte dos maiores DJs do mundo – e que também tem seus 25 milhões de ouvintes. Sabe o resultado? O que eles quiseram. Pura e simplesmente o que veio na cabeça destes dois artistas fantásticos numa colaboração para lá de criativa que deu luz ao EP Mind Goes Off, com duas músicas – a faixa-título e Attention – além de dois edits.

Lançado pela gravadora Animal Language o EP já chegou as mãos de artistas do mundo todo com ampla repercussão na mídia internacional. Disponível oficialmente em todas as plataformas a partir de hoje, dia 6 de março, o EP rendeu bastante neste bate papo exclusivo da DJ MAG BRASIL com DJ Glen e claro que você ouve aqui!
DJ MAG BRASIL: Ficamos muito felizes em ter um artista brasileiro tão capaz e criativo como você em entrevista exclusiva, obrigado. O EP Mind Goes OFF é eletrizante. Qual o lance por trás desse épico lançamento com o Mason?
É recíproco por aqui Nazen, sou leitor da DJ Mag sabe lá há quanto tempo. Acredito que a grande sacada de uma colaboração dessa com o Mason é o crossover de experiências e de pontos de vista de um mesmo todo da House Music, que somados vão pra uns 50 anos.
DJ MAG BRASIL: É muita experiência, com certeza! Cara, vocês viajaram na criação desse som, né? Quais foram as suas inspirações para a composição das duas faixas do EP?
Várias… O Mason me mandou algumas ideias que ele tinha (muitas) e meio que não sabia para qual caminho seguir… Eu estava num bom momento criativo, no estúdio a experimentar muitas misturas de timbres com meu eurorack e synths clássicos analógicos. Inspirei-me no próprio Mason, mas ele pediu que buscasse mais em mim mesmo. Logo na sequência rolou tudo numa jam session monstra e deu no que deu.

“Música é atitude e o tal do “foda-se” é bem vindo”
DJ MAG BRASIL: E de que forma você e o Mason articularam essa sinergia para a produzir o EP?
Fizemos a track a distância tipo mandando os projetos pra cá e pra lá e é até assustador se você pegar uma conversa nossa sobre detalhes, é uma linguagem técnica meio maluca que se alguém que não está habituado ao processo de produção com muita síntese vai ficar boiando. Ao mesmo tempo ele é um cara bem humorado e holandês, gosta de zoar em algumas partes da track e meter o “foda-se”, porque realmente, música é atitude e o tal do “foda-se” é bem vindo. Na hora de lançar cortamos uns 80% do que criamos porque eu sempre passo do ponto, ahhaha.

DJ MAG BRASIL: Música é atitude, sem dúvida! Agora me conta uma coisa, percebe-se uma influência muito brasileira, africana, latina… É isso mesmo?
Sim, quando vamos produzir um som com alguém tentamos sempre refazer as partes que gostamos do trabalho do outro. Sendo eu brasileiro e tocando nas festas que atualmente estou, ele certamente mirou a produção pra cá e eu também visualizei a track encaixando no ambiente europeu que ele pertence, que nos últimos anos teve muito influência afro, que eu amo.
DJ MAG BRASIL: Muito bacana essa identidade que vocês conseguiram imprimir no EP, de um som super digital mas que preserva a batida orgânica. Essa originalidade é fundamental, por gentileza, comente o processo de produção envolvido.
Por mais que às vezes a gente ouça das gravadoras “este ano tal bateria é tendência” ou “a gente vai seguir esta linha” eu acabo sempre fazendo esta mistura que vem da minha base disco/funk. A 909 pura da house acaba ficando meio sem alma e normalmente eu gravo as percussões em casa mesmo pra dar personalidade.

Não faz muito tempo que consegui concluir a fusão da 808 molhadona com elementos orgânicos, acho que a mix é extremamente difícil e graças aos monitores novos e acústica do estúdio vamos surpreendendo por aí. Como diria o San Proper, outra inspiração holandesa que tenho: “Isso que eu fiz pode até ser ruim, mas pelo menos tive bolas pra colocar minha voz no bagulho”.

“Tocar no Brasil significa que nem todos vão entender se uma música não for pra cima, então isso é uma regra pra mim”
DJ MAG BRASIL: Vamos falar de cada uma das duas tracks do EP? Mind Goes Off tem algo muito F** que é ser super ‘para cima’ além de ter uma melodia que marca.
Tocar no Brasil significa que nem todos vão entender se uma música não for pra cima, então isso é uma regra pra mim. A melodia que marca eu felizmente tenho facilidade em fazer, desde meus primeiros sons, acho que é culpa da minha infância no dance pop dos anos 90. Então Mason me mandou a track praticamente pronta, eu disse pra ele que só precisava de algo que as pessoas pudessem cantar e criamos juntos uma letra enorme, eu gravei com minha própria voz em um timbre que estava testando e usamos 20% de tudo. O lead é pra lembrar minha outra track Another Planet, propositalmente, feito no MS-20 da Korg, um sintetizador que fala alto desde os anos 70.

DJ MAG BRASIL: E esse eletro rasgado de Attention? Para mim, uma bela trilha de um suspense futurista! Conta em detalhes?
Era pra ser um Lead que pegava as frequências desde as ‘subs’ até as ‘lá em cima’ usando uma 5th nota com um leve detune, a sequência das notas lembrava muito “Crescendolls” do Daft Punk e eu estava amarradão, fiquei horas pra pegar o jeito que o Mason fez “Exceeder”, e consegui, mas infelizmente ficou “Too Much Exceeder”, e obviamente ele estava cansado desta idéia. Então fui na Jam Session até sair algo que ficasse interessante. Ele foi me ajudandao a moldar pelo whatsapp mesmo e o resultado ficou com muito mais personalidade. Foi bem isso, deixei as máquinas falarem comigo.
DJ MAG BRASIL: Agora entendi o que você disse sobre “termos técnicos” (rs). Esse papo de produtor realmente pode confundir as pessoas, mas é muito legal ouvir do autor todo esse caminho percorrido. Agora: O lançamento do EP foi muito bem recebido pela imprensa de diversos países, vocês esperavam atingir um público assim tão amplo?
Graças a um grande trabalho de relações públicas o EP foi parar nas mãos de todo mundo e em um ou dois dias já desfilava nos charts. Fico feliz em ter diversos idiomas falando do nosso trabalho.
DJ MAG BRASIL: Não é a sua primeira parceria com o Mason, certo? Conte para nós sobre esta cooperação artística.
Já faz algum tempo que ele toca sons meus, lançou alguns pela Animal Language também. Acabamos por criar uma certa amizade e falamos de várias coisas. Eu gosto muito de conversar com amigos gringos, eles sempre tem visões interessantes de fora da nossa realidade. Ano passado eu ia, inclusive, tocar na festa da gravadora dele no Amsterdam Dance Event, mas infelizmente perdi meu voo e não teve jeito. Foi muito cruel ficar de fora desta, mas esse ano vai rolar com certeza.
DJ MAG BRASIL: O que podemos esperar de Mason e DJ Glen no futuro?
Acho que uma colaboração em estúdio é bem digna de se esperar, também quero que ele venha para algumas festas minhas no Brasil e com liberdade pra tocar o que quiser e quanto quiser, é assim que tem que ser. Temos que somar e fazer nosso som ser ouvido, é isso.


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