Ella de Vuono. Foto: RECREIO Clubber/Divulgação

* Por Maria Angélica Parmigiani

O Brasil é um dos berços da criatividade do mundo e o Carnaval um dos grandes sustentadores dessa fala. Não é para menos, é só olharmos a grande explosão artística que costuma acontecer nessa época do ano por aqui. É sim tudo muito lindo e inspirador, mas a inspiração não precisa ficar só no campo das coisas belas e, aliás, parece que quando pessoas decidem fazer arte através de outros caminhos, alguns deles, provocativos, os nossos olhos brilham até mais. Ou os ouvidos.

É essa a sensação que se tem ao ouvir a faixa “Assédio”, da DJ, produtora e professora da AIMEC Campinas, Ella de Vuono, lançada nessa segunda (17) de forma independente, nas principais plataformas digitais. Com pouco mais de oito minutos, este é o primeiro lançamento oficial da artista.


Foi ao assistir a um vídeo da vlogger Jout Jout, que aborda de maneira irônica e educativa as atitudes mais que ultrapassadas de muitos homens durante o Carnaval, que ela decidiu produzir a faixa. E, bom, sabemos que essas condutas invasivas não se restringem a essa festa.

“A ideia veio ao perceber o quanto fomos criadas para acreditar que a culpa do assédio é nossa, então o objetivo é educar mesmo, todo mundo, não só os homens”, afirmou de Vuono à Phouse. A artista recortou falas da vlogueira no vídeo para inserir na sua produção, que carrega elementos da música brasileira. “Eu sabia que queria uma track pesada, com samples de instrumentos brasileiros, como a cuíca e uma bateria de escola de samba, mas também queria algo bem rave, daí a TB-303 e seu timbre acid”, seguiu.

Toda essa bagagem musical, adquirida nesses 15 anos de história, rendeu a ela o prêmio de primeiro lugar no BURN Residency Brasil 2019, além da residência na conceituada Capslock, em São Paulo. Mesmo com essa visibilidade, a artista teve dificuldade para ter seu trabalho reconhecido. Ella tenta lançar a música há dois anos, e agora decidiu fazê-lo de forma independente.

A artista admitiu que a adversidade virou um combustível para continuar a mixar música com engajamento social e também trazer essa consciência para as futuras gerações na música e no entretenimento, como faz em suas aulas. Afinal, não basta fazer diferente, se arriscar e se impor em um universo com hábitos machistas tão enraizados; é necessário saber que a mudança começa em si mesmo e levar de forma acolhedora e respeitosa essa visão para outros mundos.

“Precisamos de compreensão, de pessoas — independentemente do gênero — que entendam que essa causa é de todos e lutem de forma coesa”, complementou Ella.

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