A exclusividade é um status buscado pelas principais grifes do mundo da moda, assim como por sua fiel clientela. O que sempre foi destinado a uma pequena parcela da população se torna cada vez mais inacessível para a maioria, graças a aumentos incontidos de preços e a tendência da “hiperpesonalização” dos produtos de luxo.

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moda grife
Produtos de luxo são adquiridos por cada vez menos pessoas

Desde 2020, o mercado de luxo passa por uma transformação significativa, na qual a exclusividade é cada vez mais fundamental para renomadas grifes. Segundo dados da Bain & Company, empresa de consultoria americana, os principais 2% dos clientes de luxo representam 40% das vendas nesse segmento. Esse cenário ocorre graças a estratégias cada vez mais elaboradas para engajar e reter os chamados “clientes muito importantes” (VICs, de very important clients).

À coluna, o especialista em mercado de luxo e fundador da MCF Consultoria, Carlos Ferreirinha, destaca que esse crescimento não é uma novidade e vem ocorrendo de forma expressiva desde a pandemia da Covid-19.

“Foi observado um incremento significativo nos valores das marcas de luxo, impulsionado por fatores como o aumento dos custos das matérias-primas”, afirma Ferreirinha. Isso se deve a fatores como a inflação mundial e a guerra na Ucrânia, mas não é o único fator que motiva o aumento dos preços. A busca pela exclusividade é objeto chave nessa discussão.

Ferreirinha ressalta que, diante de um cenário de profissionalização das empresas, as grifes de luxo recorrem à hipersegmentação e à hiperpersonalização de seus produtos, a fim de manter a exclusividade das etiquetas.

“Não cabe mais a você querer comprar. Eles passaram a escolher quem é que tem a chance de acessar os produtos deles. Essas estratégias serão cada vez mais fortes nas marcas”, explica o especialista.

 

Modelos na passarela com looks coloridos e estampados - Metrópoles
Segmentação e personalização são estratégias de marcas de luxo
Bolsa de marca espalhadas pelo chão - Metrópoles
Produtos de grife são cada vez mais inacessíveis

Exclusividade é o foco das grifes

Um exemplo notório desse movimento é o aumento significativo de preços em produtos icônicos de grife, como a bolsa média Chanel Flap, cujo preço passou de US$ 5.800, em 2019, para US$ 8.800, em 2022, segundo levantamento da Business of Fashion.

O fenômeno não se limita à indústria da moda. Ferreirinha levanta que a Porsche e a Ferrari, por exemplo, têm adotado estratégias semelhantes, elevando os preços de seus produtos e tornando-os ainda mais exclusivos. “As marcas sobem, cada vez mais, a régua de segmentação de clientes“, conclui o especialista.

Comparativo no aumento de produtos da Chanel e da Dior grife moda - metrópoles
Comparativo do aumento de preços de produtos da Chanel e da Dior

 

bolsa chanel grife moda - metrópoles
Clássica bolsa Chanel

 

Diante desse panorama, espera-se que nos próximos anos as marcas de luxo intensifiquem suas estratégias de segmentação e personalização, elevando ainda mais a exclusividade de seus produtos e reforçando a desigualdade em um mercado que existe às custas da exploração de mão de obra.


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