Nesta segunda-feira (8), a família de Gabby Petito – influencer que foi morta em 2021 pelo noivo, Brian Laundrie – entrou com uma ação judicial contra o Departamento de Polícia da cidade de Moab, em Utah, nos Estados Unidos, por homicídio culposo.

Segundo informações da NBC, os pais da jovem estão pedindo US$ 50 milhões (cerca de R$ 255 milhões na cotação atual) em danos. Em nota divulgada pela emissora norte-americana, um dos advogados da família afirmou que os policiais não investigaram adequadamente um incidente envolvendo Petito e Laundrie, no mês que antecedeu o assassinato. Eles apontaram, ainda, que caso os agentes tivessem sido devidamente treinados para lidar com situações de violência doméstica, a youtuber estaria viva.

“O Departamento de Polícia de Moab tem sido atormentado por alta rotatividade, falta de liderança e má gestão há anos”, afirmou James McConkie. “O Departamento negligenciou seu dever de fornecer o treinamento e os recursos que seus policiais precisam para fazer seu trabalho, o que é um fracasso institucional”, acrescentou o advogado.

A equipe jurídica entrou com uma declaração de intenção, processo necessário nos EUA antes de dar início a uma ação contra órgãos do governo. No documento, aparecem como réus o Departamento de Polícia da Cidade de Moab, o então chefe Bret Edge, o ex-chefe assistente Braydon Palmer e os policiais Eric Pratt e Daniel Robbins – todos envolvidos no atendimento da chamada de emergência.

Em vídeo gravado pela câmera corporal do agente Eric Pratt, é possível conferir detalhes do que teria causado a ligação de testemunhas ao 911, sobre uma briga pública entre Brian e Gabby. (Foto: Reprodução/Departamento de Polícia de Moab)

Revisão do caso

Em janeiro deste ano, meses após a morte de Petito, uma agência independente de aplicação da lei constatou que os policiais cometeram uma série de “erros não intencionais” ao responderem uma denúncia sobre violência doméstica, envolvendo Petito e Laundrie. “Erros foram cometidos na forma como este caso foi tratado. Se este caso fosse tratado sem falhas, teria mudado alguma coisa? Ninguém sabe”, disse o responsável por conduzir a revisão, que não teve sua identidade divulgada.

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Na quarta-feira passada (3), a cidade de Moab emitiu um comunicado com a revisão do incidente de 12 de agosto de 2021, ocorrido pouco antes do desaparecimento de Petito. Na época, imagens da câmera corporal de um policial foram divulgadas. No registro, Gabby aparecia chorando e reclamando de sua saúde mental. Segundo a youtuber, o casal vinha discutindo com mais frequência e ela teria dado um tapa em Brian durante uma discussão.

O documento afirmou que os erros “provinham do fato de que os policiais não citaram a Sra. Petito por violência doméstica”. “Só porque Gabby foi determinada a ser a agressora no que se refere a este incidente específico, não significa que ela foi a agressora predominante de longo prazo neste relacionamento”, disse um trecho da revisão.

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Na ocasião, o casal não quis prestar queixa e os policiais recomendaram que eles passassem a noite separados. O noivo foi para um hotel, enquanto a jovem dormiu na van. Semanas após os restos mortais de Petito serem encontrados, uma nova e mais longa versão do vídeo veio à tona. Nas imagens, um dos agentes questiona a influencer sobre machucados visíveis em seus braços e no rosto. Ele, então, pergunta se Laundrie a agrediu. A jovem afirmou que, de fato, o então noivo a machucou quando a segurou pelo rosto, mas ela culpou a si mesma por iniciar a discussão e ter agredido o parceiro primeiro.

A repercussão das imagens levou o Departamento de Polícia de Moab a realizar uma investigação, que só foi concluída em janeiro deste ano. Segundo a instituição, os policiais envolvidos na emergência classificaram incorretamente o incidente e não investigaram a fundo a gravidade da relação de Gabby e Brian. Um dos agentes descreveu o caso de violência doméstica como uma “crise emocional” no boletim de ocorrência.

Brian Laundrie assumiu, em bilhete, ter sido responsável pela morte de Gabby Petito. (Foto: Reprodução/Instagram)

A família usou os resultados como base para a acusação na Justiça. A equipe jurídica afirmou que, com o treinamento correto, os policiais teriam sido capazes de identificar que Gabby era a real vítima das agressões. Em uma coletiva de imprensa realizada ontem (8), McConkie explicou a motivação por trás da decisão da família. “Os pais de Gabby estão movendo esse processo para honrar o legado da filha, salvando vidas de vítimas de violência doméstica nos Estados Unidos e no mundo. Eles esperam que seus esforços deem algum sentido ao assassinato evitável e trágico de sua filha”, declarou.



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