O reconhecimento do legado das mulheres antecessoras é um consenso entre as primas Aisha Mbikila e Yaminah Mello, de 26 e 27 anos, respectivamente. Ambas chegaram ao mundo a partir da ancestralidade preta que está enraizada na cultura brasiliense. Cheias de referências positivas, elas cresceram com altivez e consciência por meio de uma relação matriarcal, com destaque para a avó Lydia Garcia, considerada uma das principais ativistas do movimento negro da capital federal.

Com o “sangue artístico” correndo entre as veias, as jovens percorrem um caminho de sucesso em diversas áreas, como audiovisual, comunicação e moda. As artistas se encontram e celebram a irmandade quando assumem a mesa de som como DJs. Vem conferir!

Na imagem com cor, as primas Aisha Mbikila e Yaminah - Metrópoles
Aisha Mbikila e Yaminah Mello têm crescido no cenário nacional com trabalhos relevantes

 

Meses separam o nascimento de Aisha Mbikila e Yaminah Mello. As primas cresceram como irmãs sob o teto educador da avó Lydia Garcia, referência de ativismo na construção de subjetividades negras em Brasília. Foi nesse berço matriarcal que ambas tiveram o contato com as primeiras expressões artísticas. “A gente sempre teve esse movimento dentro de casa, aí não tinha como dar outra. O caminho era dar continuidade a essas frentes a que fomos introduzidas”, conta Aisha, em entrevista à coluna.

Conscientes do que significa ser um corpo negro na sociedade, as artistas refletem como o trabalho dos familiares as ajudaram a fugir da estatística. “Eu lembro que nas escolas eu era a única preta. Já fui chamada por amigos brancos de ‘escrava’. Mas dentro de casa era outra história. Fomos ensinadas a respeitar as nossas raízes desde sempre”, lembra Yaminah.

Aisha complementa: “A gente tinha um lugar seguro dentro de casa: da ‘televisão preta’, dos artistas que ouvíamos, dos desenhos afrocentrados. Era muito louco esse contraste que vivíamos”. O fortalecimento da autoestima fez com que as primas trilhassem uma trajetória de luta contestadora em diversos segmentos.

Com carreiras na moda, no audiovisual e na música, Aisha e Yaminah movimentam a cena cultural brasiliense e nacional. Ambas se destacam também pelo estilo que reflete a multiplicidade de referências.

“A moda sempre foi um lugar de expressão de resistência. A vovó Lídia trouxe esse espaço, porque ela utilizava o ateliê de moda para misturar o estilo brasileiro com o africano”, conta Aisha.

Com conquistas que excedem o “quadradinho”, a dupla faz parte de um cenário que emerge nas artes; unem talento e propósito. No currículo de Aisha Mbikili, por exemplo, há trabalhos com marcas e nomes relevantes da indústria. Em 2023, a artista ganhou o prêmio de Melhor Diretora de Videoclipe no Women’s Music Events Awards (WME Awards), premiação da Billboard brasileira.

Na imagem com cor, as primas Aisha e Yaminah - Metrópoles
As primas nasceram em Brasília e compartilham como as raízes familiares as influenciaram artisticamente

 

Na imagem com cor, as primas Aisha e Yaminah - Metrópoles
A principal referência é a avó Lydia Garcia, uma das pioneiras do movimento negro brasiliense

 

Na imagem com cor, mulher negra posa com flauta - Metrópoles
Yaminah Mello é artista plástica e musicista

 

Na imagem com cor, as primas Aisha e Yaminah - Metrópoles
Aisha Mbikila é um dos principais nomes do audiovisual brasileiro e da moda

 

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Musicalidade afro

Apaixonadas pelos diversos ritmos originários da cultura negra, Aisha Mbikila e Yaminah Mello resolveram unir forças em uma única sintonia. Com o avançar das carreiras, migraram para novas cidades: São Paulo e Rio de Janeiro. Foi a partir da mudança geográfica que a carreira como DJs se tornou uma possibilidade concreta.

“Eu sinto que a gente cresceu muito nesses espaços [musicais] por trazer sempre uma pesquisa relacionada. Conectamos musicalmente os continentes africano e brasileiro, e fazemos algo nosso, com particularidade e respeito”, afirma Yaminah.

Paralelamente, Aisha explica a influência direta familiar na narrativa profissional das duas. “Fico muito feliz em dar continuidade, agora com um pouco de mais suporte e ferramentas tecnológicas. Tudo que faço vem do empreendedorismo de saber prospectar contra a cultura, mas a fazendo”.

Apesar de alcançarem o mundo, as primas olham para a capital federal como ponto de intersecção na trajetórias. “A gente esta aí construindo moda, arte, cultura, política, diversão, saúde, cura e loucura; tudo junto. É um mix de monte de coisa que vamos experimentando e revertendo”, finaliza Aisha.

Na imagem com cor, as primas Aisha e Yaminah - Metrópoles
O som das primas é característico pela união de sonoridades negras

 

Na imagem com cor, as primas Aisha e Yaminah - Metrópoles
A autenticidade faz parte do trabalho das DJs

 

Na imagem com cor, as primas Aisha e Yaminah - Metrópoles
Ambas têm carreiras de sucesso em varias áreas da comunicação, moda, música e artes

 

Na imagem com cor, as primas Aisha e Yaminah - Metrópoles
As jovens estão trilhando um caminho que reverencia o legado de antecessores

 

Brasília Fora dos Padrões

A coluna deu início ao quadro Brasília Fora dos Padrões, como uma extensão da série Moda Brasília. Toda semana, apresentamos pessoas que se destacam pelo estilo próprio, a fim de dar ênfase à moda no Distrito Federal, no Centro-Oeste.

O objetivo é compilar fashionistas que usam o vestuário como uma forma de autoexpressão e autenticidade. Os nomes são selecionados de forma independente pela equipe da coluna. A iniciativa também aborda pautas com temas para além do segmento fashion, como música, entretenimento e arte.


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