Fundamentos de design e criações de moda: assim podem ser descritas as peças da Miwa. Idealizada por Carol Nemoto, a marca sustentável surgiu de maneira despretensiosa em 2011, durante temporada de estudos da criativa em Milão, capital da Itália e berço fashion reconhecido em todo o mundo. Para a matéria do Moda Brasília desta terça-feira (17/5), a coluna conversou com a fundadora da grife, que adiantou os novos projetos.
Vem conferir!
Corpo, arte e movimento
“Eu não faço roupas. Eu busco transformar ideias, conceitos e sentimentos em matéria”, define Carol Nemoto, designer à frente da Miwa. O nome, aliás, não é à toa: além do sobrenome da artista, a sigla “mi” significa beleza e “wa” harmonia. Uma característica que destaca a etiqueta são as peças que mesclam muito bem os dois adjetivos.
A moda não foi o primeiro plano da idealizadora da marca. Formada em design pela Universidade de Brasília (UnB), ela conta que passou por uma crise profissional durante a graduação. O motivo? Queria desenvolver soluções que fossem além do consumismo e que tivessem como foco o ser humano. “Queria que o meu trabalho ajudasse a melhorar em algum nível a vida das pessoas. Nessa busca, cheguei a me envolver em projetos de biodesign na área médica, mas ainda me sentia muito presa pelas limitações técnicas. Faltava a expressão artística”, compartilha.
Como os momentos turbulentos podem ser excelentes oportunidades para recalcular a rota, Carol decidiu se arriscar em uma especialização fora do que vinha desenvolvendo: moda. Nesse universo, a profissional encontrou um caminho que possibilitava usar o corpo como suporte de comunicação, materializar sentimentos e atrelar a paixão pela antropologia.
A marca própria, no entanto, surgiu em 2011, após conclusão do mestrado em design de moda pelo Politécnico de Milão, quando foi semifinalista do concurso Next Generation (Próxima Geração, em livre tradução), organizado pela Câmara Nacional da Moda Italiana. Na ocasião, Nemoto lançou a primeira coleção na Semana de Moda de Milão, onde apresentou peças com materiais atípicos, como madeira e couro feito a partir de lâminas de queratina.
De lá para cá, a etiqueta só cresceu, com matérias em revistas internacionais, participações em eventos renomados e coleções cada vez mais alinhadas com o propósito sustentável.
Confira a entrevista com Carol Nemoto, designer que fundou a marca Miwa:
As suas peças carregam um ar mais artístico. Qual é a assinatura da marca?
Carol Nemoto: O meu propósito de vida é trazer beleza e harmonia à vida das pessoas pelo meu trabalho. Toda a minha criação é pensada dentro de uma ótica que leva em consideração relações identitárias entre “o eu”, o corpo e a roupa. Por isso, sempre digo que eu não faço roupas, eu transformo ideias, conceitos e sentimentos em matéria. Eu uso o suporte têxtil como um ato comunicador para exprimir um eu lírico sensível. Dessa forma, a Miwa apresenta peças minimalistas, duradouras e produzidas de maneira sustentável.
Quem é a cliente da marca? O que ela almeja na hora de se vestir?
A criação é pensada para aqueles que desejam se reconectar afetivamente com o que vestem e visam dar um novo significado ao vestuário. A persona Miwa não segue tendências, quer reconquistar o prazer de adquirir poucas roupas bem feitas com design inovador e atemporal. Muito pelo contrário, o nosso cliente está em busca de itens com o design totalmente único, que carregue identidade e tenha o DNA autoral. Além disso, ele não pensa na peça com a mesma “descartabilidade” que os adeptos de fast fashion.
Como está a fase atual da Miwa?
Estamos em um período de reestruturação interna e fortalecimento da imagem da marca. A nova coleção virá para pontuar essas novidades e celebrar o novo rosto da marca. Atualmente, a etiqueta possui quatro frentes: uma linha prêt-à-porter [pronta para vestir], outra agênero, uma de acessórios, além do ateliê sob medida de peças únicas para uma clientela exclusiva.
Quais são os planos para a marca em 2022?
Reorganização e expansão da marca. Com o desejo de expandir nossos braços em sustentabilidade, pensamos em modificar também processos e modelos de negócios. Sendo assim, vamos começar a trabalhar o conceito de “armário compartilhado” e abrir nossas peças para aluguel. Além disso, estamos com mais novidades que envolverão a casa. Aguardem, pois teremos muitas novidades boas!
Moda Brasília
A coluna Ilca Maria Estevão deu início à série Moda Brasília em 2021. Toda semana, apresentamos marcas, designers e etiquetas locais, a fim de dar ênfase à moda criada no Distrito Federal no Centro-Oeste.
Colaborou Marcella Freitas