A prefeita de Marituba (PA), Patrícia Alencar (MDB), teve um vídeo pessoal vazado nas redes sociais. Na gravação, a política aparece de biquíni, no quarto de casa, dançando forró. A repercussão dividiu opiniões na internet e, em entrevista ao UOL Universa, Alencar lamentou ter sido “traída por alguém de confiança”. Ela afirmou ainda ter sido vítima de violência de gênero e machismo.
Segundo Patrícia, cerca de 15 dias antes do vazamento, o vídeo havia sido publicado em um perfil pessoal e privado no Instagram. A conta era fechada e contava com apenas 186 seguidores, todos escolhidos por ela, por tratar exclusivamente de assuntos íntimos, sem qualquer vínculo com sua atuação pública ou política.
“Eu escolhi os seguidores daquele Instagram a dedo. Nunca postei ali nada relacionado ao meu trabalho. Me sinto extremamente violada”, lamentou. “Fui traída por uma pessoa que estava dentro desse Instagram”, ressaltou.
Nas redes sociais, a gravação gerou reações mistas. Enquanto alguns elogiaram a prefeita, outros fizeram comentários de cunho machista e moralista.
“Diante do cargo que ocupa, acho desnecessário e desrespeitoso”, escreveu um internauta. “Muito linda, mas alguns cargos e funções precisam de um decoro mínimo”, comentou outro.
Publicações sobre eventos da prefeitura de Marituba, onde Alencar foi reeleita em 2024 com mais de 52 mil votos, também passaram a ser alvo de comentários maldosos: “Que São João o quê? Queremos ver a dancinha com o biquíni”.
Apesar das críticas, muitos internautas saíram em defesa da prefeita. “Égua do machismo. Evoluam. Mulher pode ser trabalhadora, mãe e bonitinha”, afirmou uma seguidora. Outro declarou: “E ela não é uma mulher bonita, feliz e cheia das curvas fora do horário de trabalho dela não gente? Ah, tá, é porque ela é prefeitA e não prefeitO! Afinal, o homem pode. Enfim, a hipocrisia da sociedade brasileira”.
Patrícia é a primeira mulher a comandar o município de Marituba e venceu a eleição em primeiro turno com ampla vantagem sobre os adversários.
Sobre a exposição, Alencar classificou o episódio como mais um reflexo do machismo estrutural e da violência política de gênero: “Vivemos em uma sociedade preconceituosa. Isso só reforça o quanto a violência de gênero na política está viva nos dias de hoje”.
A prefeita também chamou atenção para o fato de que parte dos ataques veio de outras mulheres. “Boa parte dos comentários preconceituosos que estamos vendo são de mulheres. Não adianta falar em sororidade por boca e não praticar”, pontuou.
Patrícia ainda ressaltou a necessidade urgente de debater a forma como mulheres são tratadas na política: “Sofremos isso constantemente. Tivemos casos no nosso estado, vemos casos praticamente todos os dias no Brasil como um todo. Até quando a gente vai achar que isso está dentro da normalidade?”
Por fim, mesmo abalada pela repercussão, Alencar fez um apelo por união e transformação: “É o momento de debater a violência de gênero na política. E de procurar soluções para o preconceito que enfrentamos diariamente”.
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