Marcello Antony abriu o jogo sobre o conflito com o autor João Manoel Carneiro e o diretor de televisão Ricardo Waddington, após recusar um papel na novela “A Favorita” (2008). Em entrevista à coluna Gente, da Veja, nesta sexta-feira (6), ele explicou que as inimizades acabaram o privando de realizar outros trabalhos na TV Globo.
Na época, elevado ao posto de galã, Antony disse que tomou a decisão para se distanciar das fofocas e dos holofotes. Além disso, ele tinha o interesse em estrelar outro folhetim na emissora de Roberto Marinho. “Teve uma época que eu estava… Não é de saco cheio, mas cansado de fofoca. Não queria ficar no centro das atenções. E o Ricardo Waddington me chamou pra fazer o Dodi em ‘A Favorita’, do João Emanuel Carneiro, que Murilo Benício fez de cabelo louro”, recordou.
“Só que ao mesmo tempo soube que iam fazer um remake de ‘Ciranda de Pedra’, novela das seis. Seriamos eu, Daniel Dantas e Ana Paula Arósio. Recebi os dois convites. Fui numa reunião com o Mário Lúcio Vaz e pedi para fazer a novela das seis. E ele: ‘Marcelo, estou há não sei quantos anos na Globo. Você é o primeiro que me pede para fazer novela das seis e não das oito’”, detalhou o artista.
Os supostos problemas na emissora teriam começado após o pedido de Marcello. “Só que nisso criei inimizades. João Emanuel e Ricardo Waddington, a partir daquele momento, me vetaram de tudo. Os egos lá dentro enterraram qualquer possibilidade de convites futuros com eles. Mas faz parte do jogo. Trabalhar com TV é administrar egos. Fiquei mais tranquilo ali na periferia, não estava no centro das confusões”, refletiu.
Atualmente, Antony mora em Portugal com a família e trabalha como corretor de imóveis de luxo. Questionado pela revista se voltaria a atuar na TV Globo, ele respondeu: “Acho difícil, porque as coisas mudaram. Bom, primeiro, dependo de convite, né? Não é uma coisa que falo: ‘Pô, dá para eu trabalhar?’. Não, as pessoas me conhecem”.
Segundo o ator, outros fatores também dificultariam a possibilidade. “É óbvio que o custo de me trazer daqui para lá inviabiliza as coisas. Hoje eu não faria. Só se fosse muito desafiador. Sou movido pelo desafio. Se for desafiador, a gente até abdica de algumas coisas. Virou uma chave”, pontuou.
Apesar disso, Marcello admitiu que se mudou pra Portugal após receber o convite para atuar em uma novela. “Meu agente me ligou e falou: ‘Marcelo, tem uma emissora portuguesa te convidando para uma telenovela’. Aí olhei para minha mulher: ‘Vamos?’. Em dois meses, cheguei com 16 malas em Portugal, e estou até hoje”, relembrou.
“Já vim na intenção de ficar. Antes reuni meus filhos: ‘Vocês topam?’. Eles podiam falar: ‘Não’. Não ia ficar à vontade de ficar 10 meses longe da família. Eu sou muito família. Todos quiseram vir. Todo mundo se adaptou, eles perceberam a segurança. Foi nítido no primeiro mês a coisa de poder andar com o celular na rua de noite”, continuou ele.
“Saí [do Brasil] pelo clichê básico: por segurança. Não me sentia seguro e à vontade de criar meus filhos nesse tipo de sociedade. De ser assaltado, de tomar tapa na cara de policial”, ressaltou.
Fama no exterior
No papo, Marcello Antony também abordou a fama no cenário internacional, principalmente por ter atuado nos tempos em que a Globo atingia 40 pontos de audiência frequentemente. “Rússia, todos os países latinos, os angolanos, caboverdianos, moçambiquenhos, os de língua portuguesa. Lembro que na pandemia estava de máscara, boné e óculos. Um angolano passou por mim: ‘Olha lá o Marcelo’. Nem a minha mulher estava me reconhecendo (risos). Isso é por causa do poder da novela”, ponderou.
“A novela brasileira tem penetração absurda. Engraçado, vai fazer sete anos que estou aqui em Lisboa. Não é exagero o que vou falar. Estou em reprise uma novela atrás da outra. O ‘Rei do Gado’ já passou duas vezes. ‘Senhora do Destino’, várias vezes. ‘Mulheres Apaixonadas’ também, ‘Terra Nostra’ outras tantas. Tive a sorte de fazer grandes folhetins”, reconheceu ele.
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