Após ver seu nome entre os mais comentados das redes sociais neste sábado (25), Klara Castanho publicou uma carta aberta aos fãs, com um forte relato sobre o momento sensível que viveu nos últimos meses. O desabafo veio após Antônia Fontenelle afirmar em uma live, que uma “atriz global de 21 anos tinha engravidado e entregado o filho para a adoção”.

“Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Sempre mantive a minha vida afetiva privada, assim, expô-la dessa maneira é algo que me apavora e remexe dores profundas e recentes. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui Estuprada. Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu em mim. Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família e nem dos meus amigos”, iniciou.

A atriz ainda revelou que não procurou as autoridades por medo e vergonha: “Estava completamente sozinha. Não, eu não fiz boletim de ocorrência. Tive muita vergonha, me senti culpada. Tive a ilusão de que se eu fingisse que isso não aconteceu, talvez eu esquecesse, superasse. Mas não foi o que aconteceu. As únicas coisas que tive forças para fazer foram: tomar a pílula do dia seguinte e fazer alguns exames. E tentei, na medida do possível e da minha frágil capacidade emocional, seguir adiante, me manter focada na minha família e no meu trabalho. Mas mesmo tentando levar uma vida normal, os danos da violência me acompanharam. Deixei de dormir, deixei de confiar nas pessoas, deixei uma sombra apoderar-se de mim”.

Segundo Klara, somente os familiares sabiam sobre o crime, quando os sinais de uma possível gravidez começaram a aparecer. “Uma tristeza infinita que eu nunca tinha sentido antes. As redes sociais são uma ilusão e deixei lá a ilusão de que a vida estava ok enquanto eu estava despedaçada. Somente a minha família sabia o que tinha acontecido. Os fatos até aqui são suficientes para me machucar, mas eles não param por aqui. Meses depois, eu comecei a passar mal, ter mal-estar. Um médico sinalizou que poderia ser uma gastrite, uma hérnia estrangulada, um mioma. Fiz uma tomografia e, no meio dela, o exame foi interrompido às pressas”, contou.

“Fui informada que eu gerava um feto no meu útero. Sim, eu estava quase no término da gestação quando eu soube. Foi um choque. Meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Eu não tinha ganhado peso e nem barriga. Naquele momento do exame, me senti novamente violada, novamente culpada. Em uma consulta médica contei ter sido estuprada, expliquei tudo o que aconteceu. O médico não teve nenhuma empatia por mim. Eu não era uma mulher que estava grávida por vontade e desejo, eu tinha sofrido uma violência”, continuou.

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A atriz ainda relatou que o médico que a atendeu não teve nenhuma empatia com seu relato de estupro e a “obrigou” ouvir o bebê. “E mesmo assim esse profissional me obrigou a ouvir o coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-lo. Essa foi mais uma da série de violências que aconteceram comigo. Gostaria que tivesse parado por aí, mas, infelizmente, não foi isso o que aconteceu. Eu ainda estava tentando juntar os cacos quando tive que lidar com a informação de ter um bebê”, afirmou.

“Um bebê fruto de uma violência que me destruiu como mulher. Eu não tinha (e não tenho) condições emocionais de dar para essa criança o amor, o cuidado e tudo o que ela merece ter. Entre o momento que eu soube da gravidez e o parto se passaram poucos dias. Era demais para processar, para aceitar e tomei a atitude que eu considero mais digna e humana”, prosseguiu ela.

Klara optou por dar o bebê para adoção. (Foto: Globo/Paulo Belote)

Com tudo o que passou, Klara decidiu que entregar a criança para adoção era a atitude “correta”. Com isso, ela procurou uma advogada para dar entrada no processo: “Eu procurei uma advogada e conhecendo o processo, tomei a decisão de fazer uma entrega direta para adoção. Passei por todos os trâmites: psicóloga, ministério público, juíza, audiência – todas as etapas obrigatórias. Um processo que, pela própria lei, garante sigilo para mim e para a criança. A entrega foi protegida e em sigilo. Ser pai/e ou mãe não depende tão somente da condição econômica-financeira, mas da capacidade de cuidar. Ao reconhecer a minha incapacidade de exercer esse cuidado, eu optei por essa entrega consciente e que deveria ser segura”.

No desabafo, a atriz ainda relatou como foi o momento em que o bebê nasceu. “No dia em que a criança nasceu, eu, ainda anestesiada do pós-parto, fui abordada por uma enfermeira que estava na sala de cirurgia. Ela fez perguntas e ameaçou: ‘Imagina se tal colunista descobre essa história’. Eu estava dentro de um hospital, um lugar que era para supostamente para me acolher e proteger. Quando cheguei no quarto já havia mensagens do colunista, com todas as informações. Ele só não sabia do estupro. Eu ainda estava sob o efeito da anestesia. Eu não tive tempo de processar tudo aquilo que estava vivendo, de entender, tamanha era a dor que eu estava sentindo. Eu conversei com ele, expliquei tudo o que tinha me acontecido. Ele prometeu não publicar”, escreveu.

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“Um outro colunista também me procurou dias depois querendo saber se eu estava grávida e eu falei com ele. Mas apenas o fato de eles saberem, mostra que os profissionais que deveriam ter me protegido em um momento de extrema dor e vulnerabilidade, que têm a obrigação legal de respeitar o sigilo da entrega, não foram éticos, nem tiveram respeito por mim e nem pela criança”, acrescentou.

Klara ainda explicou porque resolveu se manifestar sobre o assunto. “Bom, agora, a notícia se tornou pública, e com ela vieram mil informações erradas e ilações mentirosas e cruéis. Vocês não têm noção da dor que eu sinto. Tudo o que fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado e de acordo com a lei. A criança merece ser criada por uma família amorosa, devidamente habilitada à adoção, que não tenha as lembranças de um fato tão traumático. E ela não precisa saber que foi resultado de uma violência tão cruel. Como mulher, eu fui violentada primeiramente por um homem e, agora, sou reiteradamente violentada por tantas outras pessoas que me julgam. Ter que me pronunciar sobre um assunto tão íntimo e doloroso me faz ter que continuar vivendo essa angústia que carrego todos os dias. A verdade é dura, mas essa é a história real. Essa é a dor que me dilacera.”, garantiu.

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Klara Castanho concluiu o desabafo afirmando que está ao lado da família, mas que, no fundo, espera que o relato ajude outras mulheres que passaram ou passam pela mesma situação. “No momento, eu estou amparada pela minha família e cuidando da minha saúde mental e física. Minha história se tornar pública não foi um desejo meu, mas espero que, ao menos, tudo o que me aconteceu sirva para que mulheres e meninas não se sintam culpadas ou envergonhadas pelas violências que elas sofrem. Entregar uma criança em adoção não é um crime, é um ato supremo de cuidado. Eu vou tentar me reconstruir, e conto com a compreensão de vocês para me ajudar a manter a privacidade que o momento exige”, finalizou.

Entenda o caso

Nesta sexta-feira (24), Antonia Fontenelle causou uma nova polêmica, ao revelar o caso de uma atriz da Globo que teria engravidado e entregado o bebê para a adoção. Em uma live no YouTube, a apresentadora citou o caso que teria sido descoberto pelo colunista Leo Dias, do Metrópoles. “Trata-se de uma atriz da Globo, ela tem 21 anos de idade. Essa menina de 21 anos engravidou, escondeu a gravidez, inclusive trabalhou durante a gravidez, pariu o filho dela. Segundo as informações que ele tem [Leo Dias], pediu que o hospital apagasse a entrada dela no hospital e pediu que nem queria ver o filho”, relatou Fontenelle, sem citar o nome da jovem.

Enquanto demonstrava sua “indignação” com o caso, a apresentadora afirmou ser contra a atitude da atriz: “Na hora de pegar uma criança, parir e jogar no mundo, que não sabe nem o que vai acontecer, aí não tem religião certa, aí pode. É isso mesmo? Não ouse me ligar chorando! Eu não vou dar seu nome porque eu não tenho esse direito, mas não ouse me ligar chorando, porque eu posso perder a paciência e dar seu nome“.

Após a repercussão do caso e o relato de Klara Castanho, Fontenelle usou as redes sociais novamente. Ela reafirmou que acha a história “monstruosa” e, para ela, quem deve ser cobrado é Léo Dias, primeiro a dar a notícia. “Eu gostaria de saber porque estão revoltadinhos comigo, me atacando por eu ter tido a coragem de mencionar uma história que ao meu ver é monstruosa, porém virou banal. A escoria da sociedade vem aqui me perguntar o que eu tenho com isso? Muita coisa, uma vez que eu me preocupo com vidas de inocentes, e luto por elas. E por último, estou vendo alguns veículos de imprensa citando nomes e ligando a mim, cuidado pois não fui eu quem citou nomes, minha live tá lá pra quem quiser ver. Não me surpreendo nada
com a forma torta de alguns verem esse caso, afinal se os valores não tivessem todos invertidos, essa bizarrice não estaria acontecendo a cada esquina”, escreveu.

“Como diz o próprio Léo Dias, as pessoas não ficam indignadas com a notícia e sim com o carteiro, me poupem. Se eu soube disso foi através dele, agora cobrem dele, e se ele não quer falar, também é um direito dele. Se a história procede do jeito que chegou até mim, só posso dizer uma coisa, alguém tem que responder por isso, e esse alguém não sou eu. Meus B.Os eu assumo, meus filhos também. Parir uma criança e não querer ver e mandar desovar pro acaso é crime, o nome disso é abandona de incapaz. Ainda mais quando se tem uma situação financeira muito boa, crime em dobro”, concluiu.



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