Nesta segunda-feira (2), a Justiça do Rio de Janeiro concedeu habeas corpus para o cantor Marlon Brendon Coelho Couto, o MC Poze do Rodo, preso no dia 29 de maio. Segundo as informações do g1, a decisão revogou a prisão temporária do MC.
Até o momento, porém, a Secretaria de Administração Penitenciária ainda não tinha sido notificada da decisão e o cantor continua no presídio de Bangu 3, no Complexo de Gericinó. “O alvo da prisão não deve ser o mais fraco – o paciente, esim os comandantes de facção temerosa, abusada e violenta, que corrompe, mata, rouba, pratica o tráfico, além de outros tipos penais em prejuízo das pessoas e da sociedade”, escreveu o desembargador Peterson Barroso, da Primeira Vara Criminal de Jacarepaguá.
Após a soltura, Poze deverá cumprir algumas medidas cautelares: comparecimento mensal em juízo até o dia 10 de cada mês para informar e justificar suas atividades; não se ausentar da Comarca enquanto perdurar a análise do mérito deste habeas corpus; permanecer à disposição da Justiça informando telefone para contato imediato caso seja necessário; proibição de mudar-se de endereço sem comunicar ao Juízo; proibição de comunicar-se com pessoas investigadas pelos fatos envolvidos neste inquérito, testemunhas, bem como pessoas ligadas à facção criminosa Comando Vermelho; obrigação de entregar o passaporte à Secretaria do Juízo originário.
Nas redes sociais, Vivi Noronha, esposa do MC, celebrou a novidade. “Obrigada, Jesus! Saiu a decisão! MC não é bandido. Aceitem!”, escreveu ela.
Prisão do MC
O mandado de prisão foi cumprido por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) na mansão de MC Poze, localizada em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro.
Veja o momento:
Exclusivo: Vídeo mostra momento exato da prisão de MC Poze do Rodo no Rio pic.twitter.com/MATs6oOe43
— VTzeiros (@vtzeiross) May 29, 2025
O cantor é investigado por apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas. Em uma nota, a Polícia Civil também alegou que o funkeiro tem “envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho (CV)”.
De acordo com as apurações do caso, ele realiza shows exclusivamente em áreas dominadas pela maior facção criminosa do RJ, com a presença ostensiva de traficantes armados com fuzis, a fim de sua “segurança” e do evento.
Além disso, o DRE apontou que o repertório das músicas de Poze “faz clara apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas de fogo” e “incita confrontos armados entre facções rivais, o que frequentemente resulta em vítimas inocentes“. A delegacia afirmou que os shows do MC são estrategicamente utilizados pela facção “para aumentar seus lucros com a venda de entorpecentes, revertendo os recursos para a aquisição de mais drogas, armas de fogo e outros equipamentos necessários à prática de crimes“.
O funkeiro não quis dar declarações ao sair de casa nem ao chegar à Cidade da Polícia. Contudo, ao deixar o local por volta das 11h40, revoltou-se com sua prisão. “Essa implicância comigo já é de muito tempo. Só eu que passo isso aqui. Manda fazer isso lá com os filhos de desembargador, quem merece. Aí comigo olha como é o tratamento. Tá maluco!”, reclamou.
O cantor também foi questionado sobre as provas apresentadas, mas contestou as informações. “Isso é perseguição! Cara de Pau. Tem indícios, mas não tem prova de nada. Manda provar aí”, rebateu.
Assista:
AGORA! MC Poze do Rodo é transferido da Cidade da Polícia, Zona Norte do Rio, e declara à imprensa: “Isso é perseguição mano, cara de pau!” #sbtrio #sbt #noticias pic.twitter.com/DPavQPbenb
— SBT Rio (@sbtrio) May 29, 2025
Em uma nota no Instagram, a equipe de Poze do Rodo se pronunciou sobre o ocorrido. “A acusação de associação ao tráfico e apologia ao crime não fazem o menor sentido, Poze é um artista que venceu na vida através de sua música. Muitos músicos, atores e diretores tem peças artísticas que fazem relatos de situações que seriam crimes, mas nunca são processados, porque se tratam justamente de obras de ficção”, observou o texto.
“A prisão do Poze, ou mesmo a prisão de qualquer MC nesse contexto é na realidade criminalização da arte periférica, uma perseguição, mais um episódio de racismo e preconceito institucional, a forma absurda que o Poze foi conduzido é a maior prova disso”, criticou a equipe, por fim. A declaração ainda disse que “MC não é bandido”.
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