Mais uma vez, J.K. Rowling se envolveu numa controvérsia com a comunidade trans. Ainda em junho, a autora de “Harry Potter” causou revolta ao compartilhar tuítes transfóbicos, e foi repudiada por atores como Daniel Radcliffe, Emma Watson, Eddie Redmayne e Evanna Lynch. Agora, o que vem incomodando muitos fãs é o tema do livro “Troubled Blood”, lançado por ela nessa terça-feira (15), sob o pseudônimo de Robert Galbraith.

A quinta obra do best-seller que envolve o personagem Cormoran Strike acompanha mais um dos casos do detetive, que dessa vez investiga um homem cis que se veste de mulher para cometer feminicídios. Em uma dura resenha, o jornalista Jake Kerridge, do jornal britânico “The Telegraph”, declarou que o exemplar possui uma “subtrama de fazer os críticos de Rowling fumegarem de raiva”. Segundo o colunista, o mote da história parece se resumir na seguinte mensagem: “Nunca confie num homem de vestido”.

Além da trama, o codinome utilizado por J.K. para publicar a obra também chocou o público. Segundo o jornal Independent UK, o verdadeiro Robert Galbraith Heat foi um psiquiatra que viveu de 1915 a 1999, e dedicou sua vida a experimentos bárbaros de conversão sexual, popularmente conhecidos como “cura gay”.

Ex-fãs e ativistas da comunidade LGBTQI+ viram, na composição do vilão da trama, uma provocação da autora. (Foto: Getty/Divulgação)

Durante essa madrugada e manhã, centenas de usuários demonstraram revolta nas redes, sugerindo que a carreira da escritora teria “morrido”, e levando a tag #RIPJKRowling ao topo dos assuntos mais comentados no Twitter. “Eu não sabia que meu ídolo era uma mulher preconceituosa e ignorante desse jeito”, lamentou uma fã.

“JK Rowling, mais conhecida como ‘autora de Harry Potter’, é uma transfóbica assumida. Acabou de revelar que, em seu novo livro, terá um ‘homem que se veste de mulher para matar’. Corroborando e reiterando um imaginário social de mulheres trans e travestis como criminosas”, esbravejou a ativista pelos direitos trans, Ana Flor.

“Vocês tem noção o que é uma mulher com a influência de J.K. criar um livro sobre um homem que se veste de mulher para matar mulheres cis? Vocês tem noção do quanto isso colabora para marginalizar ainda mais mulheres trans, que já são vistas como criminosas, pedófilas e estupradoras e que oprime mulheres cis? Isso vai além de qualquer discurso transfóbico. Alguém precisa parar JK Rowling”, desabafou a ativista e cantora trans, Alina Durso.

Confira mais reações:

Entenda o caso

Tudo começou em junho (6), quando a autora dos livros de “Harry Potter” comentou sobre um artigo de um site, intitulado “Criando um mundo pós-Covid-19 mais igualitário para pessoas que menstruam”. “‘Pessoas que menstruam’. Tenho certeza que costumava existir uma palavra para essas pessoas. Alguém me ajude. Wumbem? Wimpund? Woomud? (nota da tradução: variações propositais da palavra ‘woman’, que significa mulher em inglês), escreveu Rowling, em seu Twitter.

Muitos internautas se incomodaram com a publicação feita pela escritora, confundindo sexo com gênero, e pontuaram que homens transsexuais e pessoas não-binárias também podem menstruar. Após a repercussão, J.K. criticou a distinção entre os conceitos.

“Se o sexo não é real, então não existe atração pelo mesmo sexo. Se o sexo não é real, a realidade vivida por mulheres ao redor do mundo é apagada. Eu conheço e amo pessoas trans, mas excluir o conceito de sexo remove a habilidade de muitos discutirem suas vidas de maneira significativa. Não é ódio falar a verdade”, declarou.

A escritora disse ser empática às mulheres trans, mas insistiu na ideia de que o sexo biológico de alguém estaria ligado ao gênero. “A ideia de que mulheres como eu, que são empáticas por pessoas trans há décadas, se identificando porque elas [mulheres trans] são vulneráveis da mesma maneira que as mulheres [cis] – ou seja, à violência masculina -, ‘odeiam’ pessoas trans porque acham que o sexo é real e viveram as consequências – é um absurdo”, disparou.

“Eu respeito o direito de todas as pessoas trans a viver da forma que for autêntica e confortável para elas. Eu marcharia em protestos com vocês caso fossem discriminadas por serem pessoas trans. Ao mesmo tempo, minha vida foi podada por ser uma mulher. Eu não acredito que dizer isso seja propagar ódio”, finalizou.

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