Miley Cyrus deu a melhor resposta sobre a demora para ser premiada com um Grammy, mesmo diante de seus quase 20 anos de carreira. Em papo exclusivo com Bruno Rocha, nosso Hugo Gloss, ela refletiu que “mulheres que ultrapassam limites” acabam assustando as pessoas. Irreverente, Miley brincou que agora usa o reconhecimento da Academia de Gravação para validar suas opiniões. A estrela ainda falou sobre o processo de criação do novo álbum, “Something Beautiful”, e explicou por que o filme não terá falas.
Grammy Awards
Miley iniciou sua carreira musical em 2007, em paralelo ao trabalho com “Hannah Montana”, da Disney. Ao longo dos anos, ela acumulou álbuns de sucesso e uma sequência admirável de hits. Contudo, os primeiros gramofones dourados só chegaram em 2024, quando levou as categorias “Melhor Performance Solo de Pop” e “Gravação do Ano”, a principal da premiação, com “Flowers”. Questionada por Hugo Gloss, a cantora refletiu sobre a demora.
“Eu acho que, para mulheres que ultrapassam limites, elas podem assustar as pessoas às vezes, e essas pessoas não sabem exatamente como se sentir em relação a elas. Então, acho que porque eu insisti tanto e fui tão à frente, com algumas questões… Tratar da sexualidade e ter opinião forte sempre foram pilares dentro de quem eu sou como pessoa e como profissional. Eu acho que, às vezes, isso pode ser um pouco intimidante. Mas agora todo mundo mais ou menos captou onde eu estou, meio que culturalmente houve uma mudança para realmente honrar e celebrar mulheres fortes ao invés de ter medo delas ou mandá-las se calarem ou guardarem isso para si“, declarou.
Miley contou que essa vitória a fez mudar seu jeito de pensar, incluindo sua produção musical e o processo de criação do novo álbum visual, já disponível em todas as plataformas. “Então, eu tenho um colar. Não estou usando hoje, mas eu tenho um colar chamado… ‘Confie em mim, eu estou certa’, porque é bem chamativo. E eu sempre digo: você não ganha esse colar estando errada, ok? Agora que eu ganhei meu Grammy, é o Grammy do ‘confie em mim, eu estou certa’“, revelou.
Bem-humorada, ela explicou como lança mão do prêmio para validar suas opiniões. “Eu uso isso em várias situações quando estou escrevendo e alguém, tipo, não confia em mim. Eu fico tipo, ‘sabe, quando eu escrevi ‘Flowers’, que ganhou ‘Gravação do Ano’, e aí geralmente as pessoas dizem, ‘você está certa, está certa. Essa é uma boa ideia’. Então tem algo que [a vitória] faz, que meio que valida, você para você mesma. Mas também, realmente, as pessoas respeitam muito os Grammys de uma forma que eu sempre senti que pode ser meio desconcertante, porque então acho que você pode ficar correndo atrás disso o tempo todo, e aí você não está realmente fazendo pelos motivos certos“, refletiu.
“Você está fazendo isso para acabar ganhando um troféu que diz que você fez o melhor, e eu realmente não acredito que você possa ser o melhor da música, porque tudo é uma questão de como isso ressoa para cada pessoa. Mas, definitivamente, ajuda como um tipo de, ‘confie em mim, eu estou certa’. Você não ganha isso por estar errada“, detalhou.
Filme de “Something Beautiful”
Nesta sexta-feira (30), a cantora fez seu comeback com o álbum visual “Something Beautiful”, com 13 faixas e um filme, marcado para estrear em 27 de junho nos cinemas do mundo todo. Na entrevista, Miley também falou sobre a criação do novo trabalho, já aclamado pela crítica especializada.
“Eu queria criar algo que fosse holístico, onde moda, cinema e música pudessem coexistir num mesmo ambiente harmonioso, que agora está no disco, nos cinemas e nas plataformas de streaming, tudo junto. Eu nunca quis que houvesse divisão entre esses elementos. É como se você precisasse de um pouco de tudo funcionando em harmonia. Assim, temos uma diversidade emocional enorme. É uma experiência muito divertida para mim como artista, e eu acho que qualquer um que possa assistir também vai fazer parte disso“, pontuou.
Ainda, a estrela explicou por que o filme homônimo não terá diálogos. “Então, eu não quis que fosse um musical em que você para para cantar seus sentimentos ou cantar o que está acontecendo na cena. Eu queria que fosse algo único para mim, porque para mim, um filme tem personagens e eu nunca quis interpretar um personagem. Sempre quis ser autêntica comigo mesma. E essa foi, na verdade, uma escolha muito consciente que fizemos quando estávamos escrevendo o filme“, contou.
“Porque, mesmo sem diálogos, ainda precisávamos escrever como você vai de uma cena para outra. Você ainda está em uma jornada. E eu nunca quis que houvesse uma caracterização, porque o que é tão especial na minha música e na minha carreira é que sempre honra quem eu sou. E eu nunca fico escondida atrás dessa persona. Então, a gente meio que achou que o diálogo te tiraria da experiência, e criaria uma história que, na verdade, não estava necessariamente acrescentando nada. E se algo não traz valor para o projeto, geralmente eu simplesmente descarto. Tem que ser significativo ou ter um propósito, e se não for, aí não é útil“, concluiu.
Assista à entrevista na íntegra:
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