Após ser condenado a 98 anos de prisão pelo assassinato do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem, Paulo Cupertino tenta reverter o resultado do julgamento. A defesa do empresário entrou com um recurso nesta quinta-feira (5), na 1ª Vara do Júri de São Paulo, alegando que o processo teve irregularidades e que o veredito contrariou as provas apresentadas. De acordo com o jornal O Globo, o pedido será encaminhado ao Tribunal de Justiça, onde um desembargador deverá avaliar os argumentos e decidir se o júri será anulado ou se haverá revisão da pena.
Os advogados de Cupertino sustentam que houve cerceamento de defesa e quebra da cadeia de custódia das provas. Segundo Mirian Souza, uma das defensoras, o grupo de jurados se baseou mais no perfil pessoal do réu do que em evidências. “Motivo não é prova”, declarou, afirmando que a promotoria o retratou apenas como um “homem violento”. A defesa também afirma que pedidos de perícia foram negados pelo juiz, o que teria prejudicado a estratégia do réu. Caso o júri não seja anulado, os advogados devem solicitar ao menos a redução da pena para facilitar a progressão de regime.
Cupertino permanece no Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos, onde está preso desde 2022. O processo de transferência para uma penitenciária ainda depende de avaliação da Secretaria da Administração Penitenciária. Segundo o g1, ele gostaria de continuar no CDP, mas, se for transferido, prefere cumprir pena em Tremembé, onde estão detidos autores de crimes de grande repercussão.
Durante o julgamento, realizado no Fórum Criminal da Barra Funda, foram ouvidas sete testemunhas, além dos três réus. A filha de Cupertino, Isabela Tibcherani, afirmou que o pai era contra seu relacionamento com Rafael e que, no dia do crime, agiu com agressividade quando a família foi deixá-la em casa. Após ser puxada para dentro do imóvel, ouviu os disparos. Rafael levou sete tiros, seu pai, três, e sua mãe, dois. Isabela declarou que não havia mais ninguém na rua naquele momento.
Cupertino, por sua vez, negou ter atirado e culpou um “vagabundo” que estaria no local, mas se recusou a revelar sua identidade alegando risco aos familiares. “Impossível eu ter cometido esse crime. Não tinha motivo. Eu seria capaz de coisas piores para defender um filho meu. (…) Eu fui covarde, mas não fui covarde por ter matado. Eu fui covarde porque eu podia ter evitado. Quando eu vi a cena, o vagabundo, eu tinha força suficiente. (…) Se eu tivesse metido a mão no peito do vagabundo e falado ‘aqui não, aqui é a milha família’, eu tinha força. Só que não. Eu fui omisso. Simplesmente desviei o olho, saí andando”, disse ele.
Para o Ministério Público, a versão do réu é insustentável. O promotor Thiago Alcocer Marin afirmou que Cupertino “mentiu de cara lavada” e transformou o júri em “picadeiro”. Ele destacou que a perícia encontrou cartuchos compatíveis com a arma registrada no nome do empresário, e que nada foi roubado das vítimas, reforçando a tese de execução. O juiz Antonio Carlos Pontes de Souza manteve o réu em regime fechado e apontou que o crime provocou “abalo psicológico não apenas à família da vítima, mas igualmente à família do próprio réu”.
Rafael ficou conhecido, ainda criança, quando estrelou um popular comercial no qual fazia birra ao pedir brócolis para a mãe no supermercado. Anos depois, deu vida ao personagem Paçoca, no último remake de “Chiquititas“, no SBT. Na TV Globo, chegou a atuar em “Pé na Jaca”, como o Percival, em 2007. Clique aqui para relembrar o caso.
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