A jovem artista fala sobre carreira, paixões, lançamentos e seu último EP pela LoveDogs, gravadora do Touchtalk
Por Laura Stetner
A mineira anaritzz, ou Ana Rita, é multi-instrumentista e publicitária de formação. Suas paixões vão do indie folk ao sci-fi, mas foi em 2015 que os sintetizadores dos anos 80 fizeram seu coração bater mais forte. Desde então, ela passou a investir em música eletrônica, com foco em nudisco e synthwave.
Foi a sonoridade retrofuturista, com vocais fortes e diversos instrumentos que chamou atenção do Touchtalk – formado por Estevão Melchior e Gabriel Castro – tornando Ana a primeira produtora a lançar pela label do duo, a LoveDogs. A parceria começou em janeiro deste ano quando a faixa “Insônia”, ganhou um remix de Downtempo do Touchtalk.
E deu tão certo que seu mais recente trabalho, o EP “Another Life” também foi lançado pela LoveDogs. Além da original mix, o EP conta com 3 remixes, dois do Touchtalk e um de Hoochie Coochie Papa. Conversamos com a Ana sobre o desenvolvimento EP e carreira:
DJ MAG BRASIL: Olá Ana, obrigada por falar com a gente. Muito legal saber que você é multi instrumentista, o que você sabe tocar? E como encaixa isso na música eletrônica?
anaritzz: Obrigada pelo convite! Comecei a fazer aulas de violão aos 8 anos e fiquei até os 16. Quando comecei a tocar Folk e Blues, expandi para a guitarra, baixo, gaita e depois o banjo. Sempre fui muito curiosa e todo instrumento que eu entrava em contato queria aprender.
Durante o período da faculdade fiquei sem tocar e acabei seguindo a direção de produção musical com as DAWs. Nesse período me interessei mais por música eletrônica e foi um caminho sem volta. Entrei de cabeça na síntese sonora, no mundo dos sintetizadores e estou até hoje.
DJ MAG BRASIL: Você tem uma carreira relativamente curta no mundo da música eletrônica, mas já tem colaborações e parcerias de sucesso. Qual o segredo? Você acredita que o seu envolvimento com a label do Touchtalk ajudou a dar um gás extra de alguma forma na sua carreira?
Faz 4 anos que lancei minha primeira música do projeto autoral. Muita coisa se passou nesse pouco tempo, mas acredito que o maior segredo seria o contato com as pessoas. A troca de experiência e informações é essencial pro crescimento em qualquer área. Tive o privilégio de trabalhar com pessoas e bandas incríveis como Tuto Ferraz, Fernanda Abreu, Grooveria, Deeplick, Flavio la Barre, entre vários outros nomes que me ensinaram muito e muitos deles se tornaram grandes amigos.
Com o Touchtalk não foi diferente. Desde o primeiro momento já trocávamos músicas e referências maravilhosas. Quando me chamaram pra lançar pela label fiquei muito feliz! Com certeza isso ajudou muito na minha carreira e na visibilidade do meu trabalho. Sem contar a honra de ter minhas músicas remixadas por pessoas tão talentosas.
DJ MAG BRASIL: Tudo começou quando você comprou um synth deles, foi isso mesmo? Conta melhor como vocês se conheceram…
Sim! Eu estava à procura de um Mopho da marca Dave Smith e encontrei um anunciado pelo Estevão. Como é um synth de sonoridade bem específica, já fiquei curiosa pra saber qual som ele fazia, e foi assim que conheci o Touchtalk. Mostrei minhas músicas intergalácticas e ele gostou. Não demorou muito e já tínhamos nossa collab feita!
DJ MAG BRASIL: De onde vem a paixão synths antigos? Conta mais sobre as suas influências.
Como uma criança dos anos 90, cresci jogando videogames, assistindo clássicos do Sci-fi e ouvindo músicas dos anos 70 e 80 que meus pais colocavam pra ouvir em casa. Sou apaixonada por tecnologia e sempre gostei dessa sonoridade. Depois de estudar música e descobrir como eram feitas, soube que a síntese sonora é a raiz de tudo. Minhas principais influências vão desde as trilhas dos jogos e filmes, a clássicos da MPB, músicas de mulheres fortes que me fizeram acreditar que eu também era capaz, até músicas orgânicas ou com muitos sintetizadores.
Pra citar alguns nomes eu diria: Kate Bush, Abba, Björk, Madonna, Michael Jackson, Roxette, Robyn, Iamamiwhoami, Niki and the Dove, Beach House, La Roux, The Knife, Com Truise, Droid Bishop, Tesla Boy, Tycho, Stimming, Polo & Pan, Djavan, Milton Nascimento, Marina Lima e por aí vai. Escuto MUITA música.
DJ MAG BRASIL: A LoveDogs, a princípio, lançaria apenas trabalhos do Touchtalk, mas você ajudou a quebrar essa barreira com “Insônia” e, agora, lança uma original só sua com mais alguns remixes. Ter a confiança do duo ajuda na sua liberdade criativa na hora de criar?
Acredito que uma coisa leva a outra como um ciclo. Foi minha liberdade criativa que gerou a confiança do duo, e ter a confiança deles alimenta com certeza a minha liberdade criativa.
DJ MAG BRASIL: Aliás, parabéns pelo lançamento! Como foi o processo de criação de “Another Life”? Qual foi o envolvimento dos meninos do Touchtalk, além dos remixes?
Obrigada!! Para essa música especificamente abordei um processo diferente que nunca tinha tentado antes. Comecei a divulgar mais o meu processo criativo por meio das livestreams. Convidei a artista visual Maia (@maiavisual) para fazermos o programa Saturday Art Live no meu canal da Twitch e enquanto ela fazia os desenhos e pinturas a partir de um papel ou tela em branco eu produzi a track do zero. Sempre produzi sozinha e essa foi uma experiência bem legal que pretendo repetir. A Maia inclusive foi quem fez a capa do EP Another Life.
Os meninos do Touchtalk sempre me perguntam das produções para lançarmos juntos, vi que essa era uma oportunidade legal para fazer o projeto acontecer com mais pessoas. Eles me apresentaram o trabalho do Hoochie Coochie Papa e eu achei MARAVILHOSO. Fiquei feliz demais quando recebi todos os remixes e mais ainda agora que finalmente lançamos!
DJ MAG BRASIL: Por fim, o que mais há nos planos de anaritzz?
anaritzz: Tem videoclipe, EP e parcerias saindo do forno em breve! Mas só pra aumentar ainda mais o mistério, pretendo lançar um álbum, viajar e fazer shows pelo mundo (me chama que eu vou).
